Outubro de 2013, eis a data em que eu finalmente concretizei uma antiga paixão de criança: dedicar-me, ao menos um pouco, à astronomia.
Meses antes de decidir qual telescópio comprar, a minha maior dúvida era equacionar abertura x portabilidade. E também eu não sabia se iria querer me aventurar pela astrofotografia. Tanto que eu criei esse tópico no cosmofórum, na época:
No fim das contas, acabei seduzido pelo excelente custo-benefício de um grande dobsoniano, o modelo retrátil de 254mm da Skywatcher. Esse telescópio já se foi (contarei a história posteriormente), mas ele me deu grandes alegrias.
A escolha da loja foi extremamente fácil. O Armazém do Telescópio provavelmente é a melhor opção para a compra de material astronômico no Brasil. Principalmente para quem está começando. O portfólio deles é variado e de qualidade. Também recomendo muito o Caleidocosmo, a Astroshop e a Tellescopio. Outros sites eu descarto, porque eles apresentam produtos de qualidade não tão boa como sendo maravilhosos, o que pode levar iniciantes ou desavisados a uma escolha que trará arrependimentos.
Em primeiro lugar, consto que é uma maravilha de telescópio! Recomendo principalmente para quem quer observar objetos de céu profundo. A abertura generosa e a razão focal rápida mandam bem nesse quesito! Com ele, e minha “teimosia saudável”, na expressão do Sandro Coletti, consegui até mesmo registrar DSO com uma qualidade muito aceitável para um iniciante!
Ora, fotografar DSO com um telescópio dobsoniano manual é muito recompensador, principalmente pelo fato de o equipamento não ser vocacionado para isso. Tratarei o assunto em post posterior.
Quando comprei, fiquei com medo de não me adaptar, pois era meu primeiro telescópio e eu não conhecia nada do céu. Mas com dedicação consegui aprender. Encontrar boa parte objetos foi uma facilidade incrível, mesmo sem GoTo. Pra quem tem interesse e disposição, é alegria garantida!
Quanto a parte técnica, em resumo, é um refletor parabólico newtoniano clássico, em montagem dobsoniana manual, com 1200mm de distância focal e 254mm de abertura (f4.7).
Me arrependo? Sim e não!
Sim porque no fim das contas usei pouco o telescópio. Tudo dava quase 40kg. Eu pensava que por praticar musculação não iria me importar com o peso, mas me enganei. Eu até conseguia carregá-lo sozinho e montado, tudo de uma vez, sem separar a base e o tubo. Mas só tinha coragem de fazer isso em noites muito boas, e preferencialmente aos finais de semana. Se é no meio da semana, se tem lua, ou nuvens, nem dá coragem. Fora que eu tenho pouco disponível.
Mas também considero uma boa compra, porque me apaixonei por observar DSO, e os 254mm em f4.7 mandavam bem nesse quesito, apesar do coma (que nem é tanto assim) e da chatice na colimação (ainda bem que ninguém morre por ter que colimar espelhos). Além disso, consegui algumas fotos de céu profundo que eu considero interessantes.
Se eu já tinha uma DSLR, por que não tentar e ver o quanto é possível “espremer” o equipamento para esse tipo de registro?
Sei que é possível fazer fotos muito melhores com equipamentos muito menores em montagem equatorial, mas me surpreendi positivamente com os resultados.
Nos primeiros dias de telescópio eu me arrependi de não ter comprado um modelo GoTo, mas meia dúzia de observações já foram o suficiente para pegar o jeito. De qualquer forma, embora o equipamento seja uma beleza, às vezes sinto falta de motorização, para poder usar maiores aumentos com mais facilidade. Com 120X já fica meio chatinho correr atrás de Júpiter, por exemplo… Em objetos de céu profundo, com menos aumento, ou em objetos mais longe do equador celeste, a situação é menos desconfortável.
Por outro lado, não há nada mais fácil que utilizar um telescópio em montagem dobsoniana. É colocar no chão e pronto. Tendo uma carta celeste, ou melhor ainda, um app do celular ou tablet (recomendo o Stellarium e o Carta Celeste), você já pode ter uma noção de onde estão os principais objetos e sair à caça.
Todavia, não recomendo um telescópio grande, como esse, nas seguintes situações:
• local de grande poluição luminosa (muita abertura e razão focal curta acabam sendo desvantagens, e não vantagens)
• local apertado (sacada de apartamento, quintal pequeno etc)
• utilizador que não tenha força física tão grande, nem quem o ajude
Se você tem carro, possibilidade de levar o tele para locais escuros (e seguros! não se arrisque!) e auxílio físico, esses inconvenientes desaparecem. Para eu que moro numa cidade de poluição luminosa baixa, tenho em casa um quintal grande, um bom pedaço do céu visível, e pratico musculação a vários anos (mens sana in corpore sano, diziam os romanos), o telescópio me serviu bem.