Minha foto no III Concurso Nacional de Astrofotografias

Olá amigos!
Além de fazer tempo que não publico nenhuma imagem nova, venho ao blog para pedir uma ajudinha..
Mais uma vez estou participando do Concurso Nacional de Astrofotografias, dessa vez com uma imagem do Complexo Nebular Rho Ophiuchi, situado na constelação de Escorpião:


Gostaria de convidá-los para conhecerem os trabalhos participantes e, se gostarem da minha foto, votarem em mim. Todas as imagens participantes podem ser vistas aqui:

http://concursonacionaldeastrofotografias.weebly.com/imagens-participantes.html

A minha foto é a de número 35. Para votar, o link é esse:

http://concursonacionaldeastrofotografias.weebly.com/votaccedilatildeo.html

E além da premiação geral do III Concurso Nacional de Astrofotografias, minha foto foi selecionada para participar de uma votação especial, que definirá o campeão de três méritos especiais do III CNDA: a astrofotografia mais criativa, a melhor astrofotografia do Sistema Solar e a melhor astrofotografia de céu profundo. Eu concorro na categoria “melhor astrofotografia de céu profundo”. Segue o link para votação e contemplação dos trabalhos escolhidos para a votação especial:

http://concursonacionaldeastrofotografias.weebly.com/votaccedilatildeo-de-meacuteritos.html

Abraços a todos!

Escolhendo o primeiro telescópio

Qual telescópio você me recomenda?

Essa é a pergunta mais difícil que você poderia me fazer, rsrsrs.

Primeira premissa: não espere ver imagens iguais às de sites, livros e revistas de divulgação científica. Tais fotos são feitas com horas, ou mesmo dias de exposição, num telescópio situado em órbita terrestre, cujo espelho primário tem 2,4m (o Hubble). Na melhor das hipóteses, se você tiver muito dinheiro, comprará/construirá um telescópio de no máximo uns 40cm de abertura, dificilmente mais que isso, e ainda tem que enfrentar uns 120km de atmosfera.

Segunda premissa: qualidade tem preço. Não acredite nesses anúncios miraculosos do Mercado Livre.

Terceira premissa: esses telescópios do ML são jogar dinheiro fora (salvo equipamentos usados de boas marcas que de vez em quando aparecem por lá).

Quarta premissa: a capacidade de um telescópio não se mede pelo alcance. Você enxerga a lua a olho nu, e ela está a uns 380 mil quilômetros de distância. Você enxerga o sol a olho nu, e ele está a uns 150 milhões de quilômetros de distância. Você enxerga o complexo Alpha Centauro a olho nu, e ele está a 4 anos-luz de distância, o que dá uns 40 trilhões de quilômetros. Em céus escuros você vê a Galáxia de Andrômeda a olho nu, e ela fica a 2,5 milhões de anos-luz de distância (nem vou tentar transformar isso em quilômetros). Captou? Você e seu telescópio virtualmente enxergam até o infinito, se o objeto for luminoso o suficiente e não existir nada opaco na frente.

Quinta premissa: a principal característica óptica do telescópio é a abertura, ou seja, o diâmetro da lente objetiva (em caso de telescópios refratores) ou do espelho primário (em caso de telescópios refletores).

Sexta: quanto maior o telescópio, melhor, em termos de ampliação possível e qualidade de imagem (e desde que a parte óptica seja de boa qualidade).

Sétima premissa, que acaba atacando a anterior: quanto maior o telescópio, menos se usa. Meu tele tem quase 40kg. É um equipamento magnífico. Mas não é toda noite que dá coragem de levá-lo para o quintal.

Então, a maior dificuldade é equacionar o tamanho x portabilidade x orçamento.

Veja:

http://www.cosmobrain.com.br/cosmoforum/viewtopic.php?f=5&t=14844

O mais importante de tudo: fuja dos equipamentos vendidos em lojas do varejo (americanas etc…) e no mercado livre.

O melhor lugar para comprar telescópios, no Brasil, é o Armazém do Telescópios:

http://www.armazemdotelescopio.com.br/loja/

Pode comprar sem medo.

Eles também são muito gentis em orientar os iniciantes.

Recomendo algumas leituras, pois lá está melhor explicado do que eu poderia fazê-lo:

http://www.armazemdotelescopio.com.br/loja/index.php/artigos-astronomia/iniciantes

É indispensável também, antes de escolher, estabelecer suas expectativas.

O melhor telescópio para observar planetas pode não ser o mais indicado para objetos de céu profundo (galáxias, nebulosas, enxames de estrelas etc).

Para fotografá-los, essa afirmação é mais verdadeira ainda.

Veja:

http://www.cosmobrain.com.br/cosmoforum/viewtopic.php?f=59&t=18155

A astronomia observacional é bem menos exigente que a astrofotografia.

A escolha também vai depender de onde você mora (casa ou apartamento), poluição luminosa, possibilidade de levar o tele para um local escuro etc.

Também é importantíssimo conhecer o céu antes da compra.

O que eu recomendo mesmo, do fundo do coração, é estudar o céu e iniciar com um binóculo:

http://www.armazemdotelescopio.com.br/loja/index.php/home/binoculos/expanse7x50-detail

Primeiro comprei o tele. O binóculo depois. Mas considero o último meu principal instrumento de astronomia. Você não vai acreditar na visão magnífica que um binóculo proporciona num céu escuro. Levo ele pra todo canto, sem dificuldades nenhuma. Está pronto para uso qualquer noite. Não quer montar o telescópio? É só ir lá fora com o binóculo e já se dá pra praticar astronomia observacional com muita qualidade. Mas não compre binóculo de camelô!

Recordar é viver! Meu primeiro telescópio

Observação preliminar: o telescópio objeto dessa postagem já foi vendido. Atualmente meu equipamento de observação é esse: https://astronomiaeastrofotografia.wordpress.com/2015/01/13/ano-novo-equipamento-novo-meade-lx80-200mm-8-schimidt-cassegrain/
Outubro de 2013, eis a data em que eu finalmente concretizei uma antiga paixão de criança: dedicar-me, ao menos um pouco, à astronomia.
Meses antes de decidir qual telescópio comprar, a minha maior dúvida era equacionar abertura x portabilidade. E também eu não sabia se iria querer me aventurar pela astrofotografia. Tanto que eu criei esse tópico no cosmofórum, na época:
No fim das contas, acabei seduzido pelo excelente custo-benefício de um grande dobsoniano, o modelo retrátil de 254mm da Skywatcher. Esse telescópio já se foi (contarei a história posteriormente), mas ele me deu grandes alegrias.
A escolha da loja foi extremamente fácil. O Armazém do Telescópio provavelmente é a melhor opção para a compra de material astronômico no Brasil. Principalmente para quem está começando. O portfólio deles é variado e de qualidade. Também recomendo muito o Caleidocosmo, a Astroshop e a Tellescopio. Outros sites eu descarto, porque eles apresentam produtos de qualidade não tão boa como sendo maravilhosos, o que pode levar iniciantes ou desavisados a uma escolha que trará arrependimentos.
Em primeiro lugar, consto que é uma maravilha de telescópio! Recomendo principalmente para quem quer observar objetos de céu profundo. A abertura generosa e a razão focal rápida mandam bem nesse quesito! Com ele, e minha “teimosia saudável”, na expressão do Sandro Coletti, consegui até mesmo registrar DSO com uma qualidade muito aceitável para um iniciante!
Ora, fotografar DSO com um telescópio dobsoniano manual é muito recompensador, principalmente pelo fato de o equipamento não ser vocacionado para isso. Tratarei o assunto em post posterior.
Quando comprei, fiquei com medo de não me adaptar, pois era meu primeiro telescópio e eu não conhecia nada do céu. Mas com dedicação consegui aprender. Encontrar boa parte objetos foi uma facilidade incrível, mesmo sem GoTo. Pra quem tem interesse e disposição, é alegria garantida!
Quanto a parte técnica, em resumo, é um refletor parabólico newtoniano clássico, em montagem dobsoniana manual, com 1200mm de distância focal e 254mm de abertura (f4.7).
Me arrependo? Sim e não!
Sim porque no fim das contas usei pouco o telescópio. Tudo dava quase 40kg. Eu pensava que por praticar musculação não iria me importar com o peso, mas me enganei. Eu até conseguia carregá-lo sozinho e montado, tudo de uma vez, sem separar a base e o tubo. Mas só tinha coragem de fazer isso em noites muito boas, e preferencialmente aos finais de semana. Se é no meio da semana, se tem lua, ou nuvens, nem dá coragem. Fora que eu tenho pouco disponível.
Mas também considero uma boa compra, porque me apaixonei por observar DSO, e os 254mm em f4.7 mandavam bem nesse quesito, apesar do coma (que nem é tanto assim) e da chatice na colimação (ainda bem que ninguém morre por ter que colimar espelhos). Além disso, consegui algumas fotos de céu profundo que eu considero interessantes.
Se eu já tinha uma DSLR, por que não tentar e ver o quanto é possível “espremer” o equipamento para esse tipo de registro?
Sei que é possível fazer fotos muito melhores com equipamentos muito menores em montagem equatorial, mas me surpreendi positivamente com os resultados.
Nos primeiros dias de telescópio eu me arrependi de não ter comprado um modelo GoTo, mas meia dúzia de observações já foram o suficiente para pegar o jeito. De qualquer forma, embora o equipamento seja uma beleza, às vezes sinto falta de motorização, para poder usar maiores aumentos com mais facilidade. Com 120X já fica meio chatinho correr atrás de Júpiter, por exemplo… Em objetos de céu profundo, com menos aumento, ou em objetos mais longe do equador celeste, a situação é menos desconfortável.
Por outro lado, não há nada mais fácil que utilizar um telescópio em montagem dobsoniana. É colocar no chão e pronto. Tendo uma carta celeste, ou melhor ainda, um app do celular ou tablet (recomendo o Stellarium e o Carta Celeste), você já pode ter uma noção de onde estão os principais objetos e sair à caça.
Todavia, não recomendo um telescópio grande, como esse, nas seguintes situações:
• local de grande poluição luminosa (muita abertura e razão focal curta acabam sendo desvantagens, e não vantagens)
• local apertado (sacada de apartamento, quintal pequeno etc)
• utilizador que não tenha força física tão grande, nem quem o ajude
Se você tem carro, possibilidade de levar o tele para locais escuros (e seguros! não se arrisque!) e auxílio físico, esses inconvenientes desaparecem. Para eu que moro numa cidade de poluição luminosa baixa, tenho em casa um quintal grande, um bom pedaço do céu visível, e pratico musculação a vários anos (mens sana in corpore sano, diziam os romanos), o telescópio me serviu bem.

Ano novo, equipamento novo! Meade LX80 200mm (8") Schimidt-Cassegrain!

A astrototografia me proporcionou bons momentos de bastante diversão em 2014. Mas é um hobbie que exige considerável investimento de tempo e dinheiro.
Como em 2015 precisarei das duas coisas para investir em outros projetos, tomei uma decisão radical: me desfazer de todo o meu setup de astrofotografia!
Astrofotografia? Goodbye! Adiós! Au revoir! Arrivederci! Foi bom enquanto durou! Mas não posso mais me dedicar horas alinhando a montagem, capturando frames e processando…
Se foi o Coronado… Se foi o Ritchey-Chretien 150mm… Se foi a montagem equatorial Celestron CG5… Vendi tudo!
Mas não vou abandonar totalmente a astronomia. Talvez eu até me aventure em alguma captura fotográfica de vez em quando, mas bem descompromissada mesmo, pois nem montagem equatorial tenho mais.
Para não ficar sem nenhum equipamento, substituí o pesado e volumoso conjunto Celestron CG5 + RC6 pelo bem mais leve e portátil Celestron NexStar SE + Meade SC 8″.
A montagem é uma azimutal motorizada GoTo. Muito leve e aguenta até um OTA 200mm de tubo curto.
Então, como complemento ideal, escolhi um Meade LX80 200mm (8″) Schimidt-Cassegrain, que, pra minha surpresa, tem praticamente o mesmo que o Ritchey de 6″, apesar de ser maior.
Tenho um equipamento muito bom para uso visual e para fotografias planetárias. Muito mais leve que meu primeiro dobsoniano 254mm e que meu setup anterior, que eu também usava para observações. O novo conjunto pesa no total menos que a CG5 sozinha SEM contrapesos! E ainda ganhei 2 polegadas de abertura.
Mas comprar equipamento astronômico no verão é um problema… Céu nublado quase toda noite… Uma semana e nenhum teste ainda…

Retrospectiva astrofotográfica 2014

Nesse fim de ano completei 1 ano de astronomia, e alguns meses de astrofotografia.
Como os céus nublados aparentemente não permitirão mais fotos em 2014, me adianto na publicação da minha retrospectiva astrofotográfica.
Espero que apreciem!

 Aglomerado de Ptolomeu (M7)
 Aglomerado do Pato Selvagem (M11)

 Aglomerado M25

 Aglomerado Ômega Centauri

 Al Niyat e M4
 Vizinhança de Antares

 Cauda do Escorpião

 Complexo Nebular Rho Ophiuchi

 Nebulosas Trífida e Lagoa

 Coroa Austral

 Cruzeiro do Sul

 Galáxia Cata-vento do Sul

 Galáxia Centaurus A

 Galáxia do Escultor

 Galáxia do Sombreiro

 Nebulosa Cabeça de Cavalo Azul

 Nebulosa da Lagoa

 Nebulosas Lagosta e Pata do Gato

 Nebulosa da Águia

 Nebulosa do Camarão

 Nebulosa do Haltere

 Nebulosa do Véu

 Nebulosa Eta Carinae

 Nebulosa “Olho de Deus”

 Nebulosa Lambda Centauri e Aglomerado da Pérola

 Nebulosa Rho Ophiuchi

 Nebulosa Trífida

 Nebulosa Ômega

 Nebulosas Trífida e Lagoa

 Nebulosas Águia e Ômega

 Pequena Nuvem de Magalhães

 Plêiades do Sul e Eta Carinae

 Plêiades do Sul

Centro da Via Láctea

Brincando com a Equação de Drake


Pela primeira vez eu fujo da proposta do blog, que é apresentar aspectos práticos da astronomia amadora.
Como estamos em época de chuva e céu nublado quase toda noite, sendo impossível levar o telescópio pro quintal, tirei alguns minutinhos para apresentar meus palpites para a Equação de Drake.
A Equação de Drake é um exercício especulativo, criado pelo radioastrônomo Frank Drake, visando estimar quantas civilizações avançadas e passíveis de contato existiriam na galáxia.
Alguns parâmetros são hoje bem conhecidos pelos cientistas. Outros não passam de “chutes”. Quanto aos últimos, conforme os números que coloquemos, a Via Láctea tanto pode  estar transbordando de vida (nas expectativas otimistas), como a humanidade pode estar praticamente sozinha (nas expectativas pessimistas).
Eis a equação.
N = R* x fp x ne x fl x fi x fc x L
É mais simples do que parece.
N = número de civilizações comunicativas na Via Láctea
R* = número de estrelas que nascem a cada ano na galáxia
fp = fração das estrelas que têm planetas
ne = número de planetas similares à Terra por sistema
fl = fração de planetas tipo Terra em que a vida evolui
fi = fração de planetas vivos com seres inteligentes
fc = fração de planetas com tecnologia de comunicação
L = tempo de vida médio de uma civilização comunicativa
Dos sete parâmetros, os três primeiros são relativamente seguros. Os outros quatro, nem um pouco… Por isso o próprio Drake reconhecia sua equação como um mero exercício intelectual.
Vamos lá:
R* = número de estrelas que nascem a cada ano na galáxia. Nossa galáxia tem aproximadamente 10 bilhões de anos e 100 bilhões de estrelas (20 bilhões semelhantes ao sol, 70 bilhões de anãs vermelhas e 10 bilhões do restante). Alguns colocam na conta apenas as estrelas semelhantes ao sol. Eu escolhi incluir também as anãs vermelhas conta, até porque a vida num planeta orbitando uma estrela mais longeva poderia igualmente ter mais tempo de estrada… Nesse caso R = 9 (90 bilhões de estrelas / 10 bilhões de anos)
fp = fração das estrelas que têm planetas. Cada vez de descobrem mais exoplanetas. Na média, temos um para cada estrela conhecida. Mas para não ser muito otimista, vou colocar fp = 0,9
ne = número de planetas similares à Terra por sistema. Calcula-se que 20% dos planetas extra-solares são similares à Terra! Então ne = 0,2
fl = fração de planetas tipo Terra em que a vida evolui. Aqui começam as especulações. Como a vida na Terra é tão perseverante (os tardígrados que o digam), vamos supor que a vida sempre surge quando encontram condições para tal. Então fl = 1
fi = fração de planetas vivos com seres inteligentes. Estamos com parâmetros cada vez mais inseguros. Afinal, da vida unicelular para a pluricelular temos um salto evolutivo e tanto. E da vida multicelular para a vida inteligente então? Vou ser otimista (muito otimista) e supor que 25% dos planetas com vida possa ter vida inteligente. Então fi = 0,25
fc = fração de planetas com tecnologia de comunicação. Chutes, chutes e mais chutes… Vou imaginar que metade das civilizações inteligentes possam desenvolver formas de comunicação interplanetária via rádio (nós já podemos). Para fc meu palpite é 0,5
L = tempo de vida médio de uma civilização comunicativa. Será que a humanidade explorará tanto a Terra que causará sua própria extinção? Será que eventuais civilizações extraterrestres (se existirem) farão o mesmo? Faz mais ou menos 100 anos que Guilherme Marconi inventou o rádio (no momento, para a nossa tecnologia, a forma mais eficiente de “comunicação astronômica”). Vamos imaginar que a humanidade tenha mais 400 anos de história (pode ser muito mais, pode ser bem menos… impossível saber…). L = 500
Jogando os números na Equação de Drake, temos:
N = 9 x 0,9 x 0,2 x 1 x 0,25 x 0,5 x 500
N = 101,25
Se meus chutes estiverem certos, a Via Láctea tem mais ou menos 100 civilizações inteligentes e comunicativas espalhadas por aí…
Dada a imensidão da nossa galáxia, é muito pouco. Por isso eu nunca me incomodei com o Paradoxo de Fermi…
Lembrando que meu N = 101,25 se trata de mera especulação. Conforme você seja mais ou menos otimista, pode chegar a números muito diferentes. O jornalista de ciências Salvador Nogueira, do Blog Mensageiro Sideral, autor do excelente e recomendadíssimo “Extraterrestres” e colunista da folha, chegou a N = 4.

Abraços!

Primeiras fotos e vídeos solares, e mais um pouco sobre o Coronado PST

Ontem tivemos uma ótima tarde de domingo, com um céu limpo, pouco vento e tempo disponível. Circunstâncias perfeitas para tentar as primeiras imagens com o Coronado PST.
Na falta de câmera própria para registros de sistema solar, e diante do fato de não ser possível conseguir foco com DSLR no Coronado, usei uma ocular Baader Hyperion 10mm em projeção positiva.
Os resultados nem de longe ficaram tão bons quanto os obtidos com o olho na ocular (a Hyperion 10mm casou perfeitamente com o Coronado, oferecendo uma boa ampliação, muitos detalhes e uma incrível visão 3D). Mas fiquei satisfeito.
Como dito em ocasião anterior, a melhor técnica para fotos do sistema solar (seja o Sol, a Lua ou Planetas) consiste em realizar filmes e depois empilhar os frames para evidenciar os detalhes. Embora não seja impossível fazer fotos de frame único, tal técnica minimiza os efeitos da turbulência atmosférica.
Usei minha nova Canon 6D para fazer a filmagem e o AutoStakkert (mais conhecido como AS!2) para empilhar os frames. O pós tratamento foi feito no Lightroom e no Photoshop.
Já que eu prometi um blog voltado mais para o aspecto prático da astronomia e da astrofotografia, algumas observações:
– Se você tiver um notebook perto da montagem e da câmera, é melhor usar o EOS Camera Movie Record do que o próprio software da câmera
– A 6D gera arquivos no formato MOV, sendo que o AS!2, em sua última versão estável, só trabalha com arquivos AVI e SER. Tentei converter o vídeo para AVI mas o AS!2 não aceitou os codecs. O problema foi resolvido usando o AS!2 numa versão ainda Alpha, qual seja, a 2.3.0.21. Além disso, foi necessário copiar o plugin FFMPEG para a pasta do AS!2.
– Noutra oportunidade quero fazer registros com a 60D, que tem pixels menores e, pelo menos em teoria, talvez consiga detalhes mais nítidos.
Enfim, vamos as fotos, com duas exposições diferentes, uma para tentar capturar detalhes da superfície e outra calibrada para mostrar as erupções:
 

Aproveitando a oportunidade, vamos apresentar melhor o Coronado PST.

Setup utilizado. Só a câmera que é uma 60D, ao passo que, na hora efetiva dos registros, usei a 6D. A 6D tem maior campo, e estava complicado enquadrar o disco inteiro do Sol com a 60D. Tudo instalado na montagem Celestron CG5.

 Detalhe da objetiva do Coronado PST. Aqui se encontra o primeiro filtro

Disco de ajuste do etalon. Rodando esse disco, você calibra o filtro para obter a melhor visualização dos detalhes, das erupções solares ou da superfície.

 Parafuso focalizador.

Base do Coronado PST. Aqui podemos ver a ocular Baader Hyperion Aspheric 36mm (essa ocular com o Coronado não ficou boa, mas a 10mm ficou ótima!), o parafuso focalizador e o anel de ajuste do etalon.

Aqui dá pra ver todo o setup, dessa vez ajustado para observação, sem a câmera.
Por ora é isso amigos, e lembrem-se sempre:
 
1 – Jamais olhe para o sol sem equipamento de proteção apropriado, sob pena de danos graves e irreversíveis à visão!
 
2 – Os filtros H-Alpha utilizados para a astrofotografia de nebulosas de emissão não são os mesmos que os utilizados para observação solar. Não os utilize para o Sol, sob pena de danos graves e irreversíveis à visão!
 
3 – Não utilize para a observação solar óculos escuros, chapas de raio-x e máscara de soldador, sob pena de danos graves e irreversíveis à visão! Só confie em filtros fabricados especificamente para o Sol, sob pena de danos graves e irreversíveis à visão!

Equipamento bom igual a foto boa certo? Completamente errado!

Eu não estava com coragem de postar fotos tão feias, mas o faço apenas por razões pedagógicas. Fica o recado: não adianta equipamento bom na mão e não apurar a técnica. No caso desses registros, o problema foi a baixíssima precisão do alinhamento polar. Mostra que astrofotografia não se faz com pressa. Tem que ter paciência e dedicação. Usei uma câmerera Canon EOS 6D, uma lente Canon EF 200mm f/2.8L e a montagem Celestron CG-5. Dá pra fazer coisa muito melhor com esse equipamento (tanto que já o fiz).
 Pequena Nuvem de Magalhães e Aglomerado 47 Tucanae
 Plêiades (M45)
Grande Nuvem de Magalhães.

Adeus dobsoniano 254mm! Bem vindo Coronado PST!

Astronomia observacional se pratica à noite, certo?
Certo! Porém incompleto!
O objeto mais dinâmico que temos à nossa disposição para observação é o Sol, na faixa H-Alpha do espectro luminoso.
ADVERTÊNCIAS:

1 – Jamais olhe para o sol sem equipamento de proteção apropriado, sob pena de danos graves e irreversíveis à visão!

2 – Os filtros H-Alpha utilizados para a astrofotografia de nebulosas de emissão não são os mesmos que os utilizados para observação solar. Não os utilize para o Sol, sob pena de danos graves e irreversíveis à visão!

3 – Não utilize para a observação solar óculos escuros, chapas de raio-x e máscara de soldador, sob pena de danos graves e irreversíveis à visão! Só confie em filtros fabricados especificamente para o Sol, sob pena de danos graves e irreversíveis à visão!

Desculpem a insistência na possibilidade de danos graves e irreversíveis à visão, mas todo cuidado é pouco!

Dadas as advertências, continuemos.

Desde que comprei a montagem equatorial Celestron CG-5 e o Ritchey-Chretien 150mm, o dobsoniano 254mm ficou encostado. É um telescópio magnífico, fácil e divertido de usar, mas a falta de acompanhamento às vezes incomodava.

Por isso, envolvi meu grande dobsoniano numa negociação com o Israel Mussi, da loja Tellescópio. Enviei para ele o 254mm e recebi um telescópio solar Coronado PST.

“Livre pra poder sorrir, sim
Livre pra poder buscar o meu lugar ao sol”

A Thousand Oaks Optical e a Baader Planetarium vendem filtros solares de luz branca, que podem ser instalados em qualquer telescópio.* Tais filtros realizam a importantíssima tarefa, de bloquear mais de 99,99% da luz solar, tornando a observação segura. Por outro lado, com tais filtros, poderemos ver apenas a fotosfera solar, camada já contemplável até mesmo sem instrumentos, mas sempre de relance, ao nascer e por do Sol. Geralmente estamos limitados às manchas solares (o que não deixa de ser uma beleza à parte).

Já o PST (Personal Solar Telescope), fabricado pela Coronado, parceira da Meade, trabalha na região H-Alpha. Os filtros dessa faixa “apagam” a fotosfera e revelam a magnífica cromosfera, região do sol onde ocorrem as belíssimas manifestações energéticas: filamentos, proeminências, erupções… Tudo isso ficará ao alcance dos nossos olhos e câmeras!

Na foto abaixo é possível ver a diferença da visualização em luz branca (à esquerda) e em H-Alpha (à direita):

Imagem obtida na internet. Não é de minha autoria.

O quê exatamente é esse tal de H-Alpha? explicando da maneira mais resumida possível, é a linha espectral de luz emitida pelo Hidrogênio, quando seu único elétron, aquecido, salta para uma camada menos energética. Nesse salto, essa energia, uma vez sobressalente, é emitida na forma de um fóton.

Com o Coronado PST, espero diversificar minhas observações e astrofotografias. Ele é vendido no Brasil pelo Armazém do Telescópio.

Um detalhe: o Coronado PST não possui curso de foco o suficiente para trabalhar com DSLR em foco primário. Quando o céu limpar (graças a Deus choveu um pouco!**), farei testes em projeção positiva com a ocular Baader Hyperion e em projeção negativa com um extensor focal 2X da Explore Scientific.

Em tempo: A qualidade de observação com um tele grande vai deixar saudade, rsrsrs. Inclusive minhas primeiras fotos de céu profundo foram feitas com ele. E como era divertido consultar o Stellarium durante o dia e depois caçar os DSO manualmente… Só a falta de acompanhamento me deixava um pouco impaciente às vezes. Mas observar com o RC, apesar de ser apenas 150mm, é legal também. E com o GoTo da montagem equatorial estou vendo mais objetos por noite.

_____________
* No Brasil, você pode comprar filtros solares Thousand Oaks no Armazém do Telescópio. Filtros da Baader Planetarium poderão ser adquiridos na Caleidocosmo.

** Sou daqueles que acreditam que ciência e religião não precisam se excluir completamente. Não gosto de radicalismos, para nenhum de dos lados. Louis Pasteur teria dito que um pouco de ciência nos afasta de Deus, ao passo que muito, nos aproxima… O primeiro episódio da excelente série de astrofísica “Através do Buraco de Minhoca” (Through the Wormhole), apresentada pelo Morgan Freeman, mostra uma interessante entrevista com um simpático idoso que é padre e físico de partículas… Recentemente o Papa Francisco declarou aceitar as teorias do Big Bang e da Evolução… Mas tudo isso é assunto pra outro dia…

Telescópio Ritchey-Chretien 6”: primeiras impressões e primeira luz!


Depois de várias semanas de chuva e céu nublado, finalmente pude estrear meu novo telescópio.
Peguei gosto pela astrofotografia e encomendei na Oceanside Photo and Telescope, dos EUA, um pequeno refletor Ritchey-Chrétien de 6 polegadas de abertura (152mm), projetado especialmente para astrofotografia de céu profundo, mas que se presta bem para observações e fotos lunares e planetárias. Eis o meu novo setup astronômico:

Ao contrário do refletor newtoniano, que usa espelhos parabólicos, o design Ritchey-Chrétien usa espelhos hiperbólicos, garantindo um campo de imagem 100% plano e livre de coma.
Apenas a título ilustrativo, conste-se que o próprio telescópio espacial Hubble é um Ritchey-Chrétien. O mesmo se diga dos telescópios gigantes instalados no Chile e no Hawaii.
Espero melhorar minhas observações e fotografias, quantitativa e qualitativamente.
O telescópio tem 1370mm de distância focal e razão focal f9. Um tantinho longo e lento, que vai exigir um bom alinhamento da montagem.
O tubo é vendido sozinho, sem oculares, diagonal ou buscadora, os quais devem ser adquiridos a parte.
Ele vem com dois anéis de extensão, um de 5cm e dois de 2,5cm. Com isso, dá pra trabalhar bem o back focus, tanto para uso visual quanto para fotografia com as mais diversas câmeras. O uso do tele acaba sendo bastante flexível.
Antes de tirar fotos, primeiro testei “olho na ocular”. Usei uma diagonal dielétrica de 2” da Explore Scientific, comprada na Caleidocosmo, uma ocular Baader Hyperion Aspheric 36mm, que comprei do Bruno Yporti e, com menos freqüência, um extensor focal 2” 2x da Explore Scientific e uma Baader Hyperion 10mm, ambas compradas também na Caleidocosmo. Para visual não precisei dos anéis de extensão. Mas é bom por pelo menos um dos mais curtos, porque o foco com a ocular 36mm ficou quase no fim do curso. Sobrou pouco espaço pra trabalhar.
A experiência foi bem positiva, apesar de a noite estar pouco transparente e clara como o dia. A umidade do ar espalhou ainda mais a claridade da lua. Dei uma rápida passada de olhos por alguns aglomerados brilhantes (M6, M7, C76) e algumas nebulosas (Lagoa e Cisne estavam bem apagadas, Trífida e Águia invisíveis). Não pude usar muito aumento em Saturno por causa do seeing ruim. Netuno era visível como um simpático ponto azul esverdeado. Marte está longe e já não mostra mais detalhes. E infelizmente esqueci de apontar para Urano…
Quando a lua subiu mais no céu e saiu de trás das árvores, substituí a diagonal e as oculares pela 60D. Eis o resultado:
Para focar com a DSLR em foco direto precisei de dois tubos de exensão, o de 5cm e um de 2,5cm. Também foi necessário remover a diagonal (não que isso seja problema, já que a 60D tem visor articulado).
O design Ritchey-Chretien não é vocacionado para fotos do sistema solar, devido à grande obstrução central, mas não faz um papel feio. Em todo caso, seu ponto forte mesmo é céu profundo. Espero que boas fotos venham por aí!
Note-se também que a lua cheia não é a melhor para se fotografar. Como ela é iluminada frontalmente pelo sol, perde-se contraste e detalhes das crateras. As fases crescente e minguante, com iluminação lateral, costumam produzir fotos mais interessantes.
Vou precisar comprar outro contrapeso. Só um ficou pouco para equilibrar todo o conjunto.
Outra dificuldade foi fazer o balanceamento do eixo de declinação… O peso fica todo concentrado na parte traseira, sendo necessário jogar o tubo mais pra frente. Mas fiquei com medo de arriscar muito… A melhor solução provavelmente será um contrapeso para dovetail.
Por enquanto é isso. Talvez eu escreva novos textos sobre o RC no futuro. Talvez não. Fiquem à vontade para me escrever em caso de dúvidas.
Principais pontos positivos do telescópio:
– qualidade de imagem, comparável a um refrator apocromático, por uma fração do preço (com o investimento feito na aquisição de um RC de 150mm eu poderia no máximo comprar um semi-apocromático de 80mm)
– campo uniformemente iluminado, 100% plano e livre de coma, mesmo em DSLRs e seus grandes sensores (gostaria muito de testar numa full frame). Se você usa CCD dedicado, espere vida mais tranquila ainda em termos de qualidade de imagem (mas fique ciente que o campo visual será bem estreito).
Como não existe almoço grátis, o Ritchey-Chretien tem alguns pontos negativos, os quais, entretanto, não tiram seus méritos:
– espelhos hiperbólicos são mais chatos de colimar
– a obstrução central elevada reduz um pouco o contraste nas observações e a resolução em fotos planetárias e lunares. Em fotos de céu profundo isso não é problema, já que se trabalha muito aquém da capacidade de resolução limite do telescópio

– a distância focal relativamente longa exige maior precisão da montagem e torna a guiagem altamente recomendada.