A importância da captura em RAW

Dependendo do tempo que você estuda fotografia, já deve ter ouvido falar das vantagens de se fotografar em RAW. Para os neófitos, deixo o seguinte link, e recomendo fortemente assistir ao vídeo que vem de brinde:
Um arquivo JPG é um arquivo já processado (pela câmera ou por você). As informações luminosas que não eram interessantes já foram descartadas (pela câmera ou por você). Apesar de comportar certa quantidade de edição, você sempre estará limitado pelos bits que sobraram.
O arquivo RAW, por outro lado, contém absolutamente todos os dados capturados pelo sensor da câmera. Mesmo que a princípio não se veja, os mais tênues pixels estão lá, esperando para serem trazidos à tona em seu software de processamento de imagens preferidos. Áreas estouradas de branco podem revelar seus detalhes escondidos. Áreas negras como o fundo desse blog também.
Dito isso, passo a narrar a historinha da minha captura da Nebulosas IC4592, também chamada “Cabeça de Cavalo Azul, na Constelação de Escorpião.
É uma nebulosa ampla, que quase não coube inteira no campo de uma lente de meros 200mm de distância focal. Mas ela é uma nebulosa tênue. Muito tênue. Não espere vê-la na ocular de seu telescópio.
Apontei a montagem para a dita, programei o temporizador da câmera para 180 segundos de exposição a ISO 800 e f4, e deixei lá a câmera clicando, por quase 2 horas… Ao ver o resultado no LCD da câmera, e depois no monitor do PC, que decepção:
Que feiura, não? 


É isso que a câmera me entregaria, se eu tivesse fotografado em JPG: só estrelas, sob um fundo levemente alaranjado de poluição luminosa. Gerei esse JPG diretamente de um único frame, em RAW, sem nenhuma edição. Na hora eu fiquei triste. Será que não vou conseguir fotografar a nebulosa? Se aumentar a exposição a poluição luminosa estraga tudo.
Mas como eu tinha fotografado em RAW, tive a esperança de que o arquivo ainda tinha alguma informação da nebulosa. Confiante, mas já resignado caso não desse certo, joguei os frames no DeepSkyStacker e mandei empilhar…
E…
Sucesso! A nebulosa apareceu! Após alguns ajustes no Lightroom, olha o que foi possível extrair daquela fotinha feia que você viu acima:
Os pixels estavam ali, escondidinhos no arquivo RAW, só esperando o processamento correto para aparecerem. Uma captura em JPG os teria obliterado previamente, sem nenhuma possibilidade de resgate


Eu jamais teria conseguido extrair essas informações luminosas se tivesse fotografado diretamente em JPG! Para alvos brilhantes, dá pra usar. Para objetos tênues, por sua vez, melhor fotografar em RAW. No fim das contas, o que era pra ser uma decepção, acabou sendo uma das fotos que mais me agradou.

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